Em 25 de março, o governo Trump incluiu dezenas de empresas chinesas em uma lista negra de comércio, restringindo a capacidade de Pequim de acessar tecnologia avançada dos EUA.

O Departamento de Comércio divulgou uma lista de 80 empresas e afiliadas a serem incluídas em sua Lista de Entidades. Mais de 50 delas estão sediadas na China. A ação dificulta o recebimento de remessas de mercadorias americanas de seus fornecedores.

“Não permitiremos que adversários explorem a tecnologia americana para reforçar suas próprias forças armadas e ameaçar vidas americanas”, disse o secretário de Comércio Howard Lutnick em um comunicado.

Entre os incluídos na lista negra estão seis subsidiárias do Inspur Group, um dos principais fornecedores chineses de serviços em nuvem. As autoridades do Departamento de Comércio determinaram que essas entidades ajudaram a Inspur a desenvolver supercomputadores destinados ao uso militar e a tentar adquirir tecnologia dos EUA para apoiar os projetos de supercomputadores de Pequim.

O Departamento de Defesa designou o Inspur Group como tendo conexões com os militares chineses em 2020. Ele foi adicionado à Lista de Entidades do Departamento de Comércio três anos depois.

Cinco das subsidiárias visadas estão sediadas na China, e uma está sediada em Taiwan.

O Ministério da Economia de Taiwan declarou que iniciaria imediatamente uma investigação sobre o assunto. De acordo com a agência de notícias estatal de Taiwan, CNA, o ministro de Assuntos Econômicos de Taiwan, Kuo Jyh-huei, disse a repórteres em 26 de março que, se forem encontradas quaisquer violações do controle de exportação ou dos regulamentos relevantes, o governo de Taiwan imporá penalidades.

O Inspur Group não respondeu a um pedido de comentário até o momento da publicação.

A administração Trump também impôs restrições a quatro empresas chinesas, incluindo a Nettrix Information Industry, principal fabricante de servidores de computador da China. Washington vinculou a ação ao suposto envolvimento dessas empresas no desenvolvimento de supercomputadores em escala exascale, que podem processar “quantidades enormes de dados em altíssimas velocidades” e realizar simulações em larga escala, segundo o Departamento de Comércio.

O departamento declarou que essas empresas também forneceram “recursos significativos de fabricação” para outro fabricante chinês de servidores, a Sugon, que foi colocada na lista negra durante o primeiro governo Trump por construir supercomputadores para uso militar.

Também foram adicionadas à Lista de Entidades a Beijing Academy of Artificial Intelligence e a Beijing Innovation Wisdom Technology, acusadas de tentar adquirir tecnologia dos EUA para apoiar os esforços de modernização militar do Partido Comunista Chinês. O Departamento de Comércio declarou que essas entidades estavam desenvolvendo grandes modelos de inteligência artificial e chips de computação avançada para fins de defesa.

Nenhuma das empresas respondeu a um pedido de comentário até o momento da publicação.

O Ministério das Relações Exteriores da China manifestou a oposição do regime à decisão. Em uma coletiva diária em 26 de março, o porta-voz do ministério, Guo Jiakun, acusou Washington de suprimir empresas chinesas.

Jeffrey Kessler, subsecretário de comércio dos EUA para indústria e segurança, disse que a medida tem o objetivo de enviar uma mensagem “clara e contundente” de que a administração Trump impedirá que “tecnologias e produtos dos EUA sejam mal utilizados em computação de alto desempenho, mísseis hipersônicos, treinamento de aeronaves militares e veículos aéreos não tripulados [drones] que ameacem… a segurança nacional”.

“A tecnologia americana nunca deve ser usada contra o povo americano”, disse Kessler em comunicado.

“A Lista de Entidades é uma das muitas ferramentas poderosas à nossa disposição para identificar e cortar adversários estrangeiros que buscam explorar a tecnologia americana para fins malignos”.

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