Nos últimos dias, agentes do governo de Nicolás Maduro restringiram a entrada de alimentos na embaixada da Argentina em Caracas, criando um ambiente de pressão e tensão para os asilados políticos ali presentes. O relato é de uma fonte próxima às negociações que ocorreram para aliviar a situação, proporcionando um vislumbre dos desafios enfrentados pelos diplomatas e asilados.
O incidente ocorreu durante o último fim de semana, quando a embaixada foi cercada por agentes policiais e pelo Serviço Bolivariano de Inteligência. Este cerco faz parte de uma série de medidas tomadas pelo governo venezuelano para monitorar e restringir movimentos dentro da embaixada argentina, que atualmente está sob custódia e representação do Brasil.
Seis opositores venezuelanos, parte da equipe da ex-deputada María Corina Machado, estão asilados na embaixada argentina desde março de 2023. Estes opositores, que incluem figuras como Claudia Macero, Pedro Urruchurtu e Magalli Meda, estão no local devido a mandatos de prisão emitidos pelo Ministério Público da Venezuela.
A CNN Brasil apurou que, pelo menos por um dia, agentes venezuelanos permitiram apenas a entrada de água na embaixada, negando alimentos aos asilados. A situação só se resolveu após esforços diplomáticos entre interlocutores do governo brasileiro e membrada administração venezuelana.
Além da restrição de alimentos, os opositores denunciaram cortes na eletricidade durante o cerco policial, aumentando ainda mais a tensão. Este incidente fez com que o governo argentino lembrasse a Venezuela de suas obrigações internacionais de proteger missões diplomáticas de qualquer invasão ou dano, mantendo a tranquilidade e a dignidade desse espaço soberano.
Na sexta-feira (6 de outubro de 2023), o governo venezuelano comunicou informalmente ao Brasil a retirada da autorização de custódia da embaixada argentina. A oficialização desta decisão chegou ao Itamaraty no sábado (7 de outubro de 2023).
O Brasil, em resposta, ressaltou a necessidade de designar outro país para assumir a representação argentina na Venezuela e afirmou que a responsabilidade só será transferida quando a substituição for oficializada. Este movimento demonstra o papel diplomático do Brasil na manutenção da paz e da segurança nas relações internacionais.
O governo chavista declarou possuir “provas” de que a embaixada argentina está sendo usada para planejar “atividades terroristas” e “tentativas de assassinato” contra Nicolás Maduro e a Vice-Presidente Delcy Rodríguez. Enquanto isso, continuam as negociações para permitir que os seis opositores venezuelanos deixem o país com um salvo-conduto.
Em uma entrevista à CNN, o advogado do ex-candidato presidencial Edmundo González, José Vicente Haro, mencionou que o cerco à embaixada foi um dos fatores decisivos para que González deixasse a Venezuela. González estava asilado na embaixada da Espanha, mas decidiu partir após receber um salvo-conduto do governo venezuelano.
Estes são alguns dos opositores que permanecem na embaixada argentina sob custódia do Brasil. Desde março, a Argentina busca um salvo-conduto para que eles deixem a Venezuela, o que tem sido consistentemente negado pelo governo Maduro.
Essa situação reflete a complexidade das relações diplomáticas e as dificuldades enfrentadas por aqueles que buscam asilo político em busca de segurança e proteção internacionais. A postura rígida do governo venezuelano continua a ser um ponto crítico para as relações internacionais na região.