Em julho, a invasão russa à Ucrânia completou 29 meses. Kiev recebeu seus primeiros caças F-16 dos Estados Unidos nesta semana. A chegada, embora simbólica da mudança na percepção ocidental sobre o conflito, é vista com ceticismo quanto ao impacto na guerra.
O governo de Volodymyr Zelensky não comentou a chegada, que já era esperada depois dos anúncios de Holanda e Bélgica sobre a finalização do acordo de transferência dos caças, com autorização dos EUA, fabricante do modelo há 50 anos.
Autoridades americanas e lituanas confirmaram o envio, o qual foi comentado pelo Kremlin nesta quinta-feira, 1º. “Eles não são panaceia e serão derrubados”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz de Vladimir Putin.
O número de aviões recebidos é incerto, mas deve ser pequeno. Além disso, a Ucrânia carece de pilotos e equipe de terra treinados para operar uma frota grande de F-16, e ainda não há informações de quais armamentos eles poderão carregar. Os EUA proíbem ataques a alvos em território russo com suas armas, exceto de forma limitada em pontos de fronteira.
Caso Kiev arrisque usar os caças contra as fortes defesas aéreas russas para atingir depósitos militares ou bases, é improvável que tenham os mísseis e bombas guiadas adequadas. O uso de drones de longa distância, que Kiev já utiliza, pode ser uma alternativa mais econômica e possivelmente tão eficaz quanto.
Em 2023, liderados pelos dinamarqueses, países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) convenceram os EUA a liberar o repasse de seus F-16. O processo levou um ano, frustrando Zelensky, que também espera que a Polônia decida se desfazer de seus caças do tipo.
De acordo com a imprensa americana, o presidente Joe Biden autorizou que os caças utilizem mísseis AIM-120 para combate a longa distância, mas não se sabe se serão modelos antigos com alcance de 60 km ou mais recentes com até 160 km.
Isso permite que os ucranianos usem os aviões para defesa regional, mas os russos raramente arriscam seus aviões perto de cidades protegidas por sistemas antiaéreos como o S-300 soviético, o alemão Iris-T ou o americano Patriot.
Para a missão de destruir drones e mísseis de cruzeiro, o F-16 está pronto, mas a relação custo-benefício é desfavorável, sendo mais eficaz e econômico interceptá-los com baterias de solo já existentes.
Bélgica e Holanda autorizaram o envio de 30 e 24 aviões, respectivamente, mas a entrega pode levar anos. Dinamarca (até 19 aeronaves) e Noruega (22) também prometeram caças F-16.