A França sofreu, nesta sexta-feira (26), um ataque organizado contra a rede ferroviária de alta velocidade em torno de Paris, que criou graves problemas de trânsito e ocorre no dia da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Os ataques consistiram em incêndios provocados de forma coordenada em eletrodutos de cabos de energia para sinalização e comunicações.
A presidente da região de Paris, Valérie Pécresse, denunciou “uma tentativa de desestabilizar a França” em um dia importante para o país, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.
A companhia ferroviária nacional francesa (SNCF) relatou “um ataque massivo” que visa paralisar sua rede ferroviária de alta velocidade (TGV) e que afeta três das quatro linhas de Paris, com aproximadamente 800 mil viajantes afetados nos próximos dias.
Os problemas de trânsito vão durar ao menos todo o fim de semana e se produzem não só no dia da cerimônia de abertura dos Jogos, mas também no início das férias. As linhas afetadas, com atrasos e suspensões, são as dos eixos Norte (que também incluem o TGV para Londres, Bruxelas, Amsterdã e Alemanha), Oeste (Bretanha, Bordeaux) e Leste (Estrasburgo, Frankfurt).
As estações Norte, Leste e de Montparnasse foram especialmente afetadas, com milhares de viajantes retidos desde a manhã. O quarto eixo do TGV de Paris, sudeste (Lyon, Marselha), foi salvo porque uma tentativa de sabotagem contra a linha “foi frustrada”, detalhou a SNCF. Pécresse explicou que nesta quarta linha os guardas puseram em fuga os sabotadores.
A presidente regional detalhou que só hoje existem 250 mil passageiros afetados, por isso pediu para não irem às estações ferroviárias a menos que recebam mensagens da SNCF. A escolha dos pontos onde ocorreram os incêndios sugere que os autores, além de coordenados, possuem conhecimento técnico.
O ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, descreveu os acontecimentos como “um ato criminoso escandaloso” e destacou a “coordenação” dos incêndios, que ocorreram aproximadamente “ao mesmo tempo”, por volta das 4h (hora local), com dispositivos incendiários e os perpetradores fugindo em caminhonetes.
O presidente da SNCF, Jean Pierre Farandou, considerou as sabotagens como “um ataque à França e aos franceses”. Farandou explicou que os trabalhos de reparação são muito delicados, uma vez que os incêndios afetaram condutas com até 500 cabos elétricos e de fibra ótica.
– É preciso consertar cabo por cabo, é quase um trabalho de ourives – explicou um alto funcionário da empresa.
O prefeito de Paris, Laurent Nunez, anunciou o envio de reforços policiais às principais estações da capital para garantir a segurança dos passageiros e das instalações.