A China construiu uma megaestrutura para a produção de carros híbridos e elétricos, com a ambição de dominar o mercado automotivo global, conforme relatado pelo "La Nación".

O regime chinês investiu massivamente em novas marcas como a BYD, que rapidamente se destacaram entre as maiores montadoras ocidentais, conquistando uma posição de liderança no setor de carros elétricos. Para atender à demanda de exportação, a China construiu pelo menos oito megacargueiros destinados a distribuir essa produção no Ocidente.

Entretanto, a capacidade de produção das montadoras chinesas, acelerada a um ritmo quase militar, ultrapassou rapidamente a demanda por esses veículos. Enquanto isso, os consumidores na Europa e América do Norte começaram a se afastar dos carros elétricos devido a novos problemas associados a essa tecnologia.

Como resultado, veículos de várias marcas chinesas, significativamente melhores que os primeiros modelos, estão se acumulando nos portos europeus, sobrecarregando as operações. O "Financial Times" destacou a situação nos portos de Antuérpia-Brugge, na Bélgica, e Bremen, na Alemanha, que são os principais pontos de entrada para a distribuição dos carros chineses na União Europeia (UE).

A UE, que inicialmente pavimentou o caminho para a entrada desses veículos ao impor prazos rígidos para o fim da produção de carros com motores a combustão, agora enfrenta um dilema. A saturação dos portos e a falta de escoamento no mercado estão resultando em veículos estagnados por longos períodos, que podem durar até 18 meses antes de serem vendidos ao consumidor final, conforme reportado pelo setor de logística automotiva.

Fontes do setor indicam que várias montadoras chinesas alugaram grandes áreas próximas aos portos para armazenar os veículos sem compradores. "Os fabricantes chineses de automóveis elétricos estão cada vez mais usando os portos como estacionamento ou armazéns", reclamou um porta-voz de uma empresa de logística ao "Financial Times".

Um executivo do porto de Antuérpia explicou: "Em vez de exibi-los nas concessionárias, eles os vendem com retirada direta no terminal portuário". Um sinal preocupante.

Na terminal do porto de Zeebrugge (Bélgica), os carros elétricos chineses ficam até 18 meses parados aguardando comprador.

A queda no interesse pelos carros elétricos na Europa é agravada pela retirada dos subsídios financeiros para a compra desses veículos em alguns países da UE a partir de 2024. O financiamento governamental tem sido crucial para a expansão das "energias alternativas" e suas aplicações, mas sem esse apoio, as promessas futuristas ambientalistas perdem força diante da realidade.

A Alemanha, pioneira em benefícios para carros elétricos e na retirada desses incentivos, exemplifica essa tendência: em março de 2024, a venda de carros elétricos caiu 29%. O baixo consumo abalou as ambições hegemônicas da China, apesar dos preços competitivos oferecidos.

Em 2022, as exportações chinesas de carros elétricos para a Europa aumentaram 58%, especialmente das marcas Great Wall, Chery, SAIC e BYD. Contudo, essa tendência agora se inverteu acentuadamente. As marcas chinesas são vistas como predatórias, e as vantagens tarifárias na Europa estão diminuindo.

"Os portos estão saturados há muito tempo", afirmou Wolfgang Goebel, presidente da Associação Europeia de Logística de Veículos Acabados. "Temos um mercado fraco, o que provoca poucas vendas."

As promessas ambientalistas não convenceram o público, e sua implementação acelerada por governos tem gerado resistência entre os cidadãos, que não se deixaram convencer pela propaganda de catástrofes climáticas iminentes.