O aumento da inflação e da taxa de juros tem impactado diretamente os pequenos negócios no Brasil. Segundo o Sebrae, a alta dos custos de produção e do crédito tem dificultado a manutenção das atividades, pressionando os preços e reduzindo o poder de compra dos consumidores.
A Textoy, fábrica de mordedores de látex natural localizada em Camamu (BA), enfrenta dificuldades para manter seus preços competitivos. “Isso pode pressionar nossos preços e reduzir o poder de compra do consumidor”, afirmou o proprietário Ícaro Magalhães ao Sebrae.
Já a Limp Quality, empresa do setor de limpeza em São Paulo (SP), sente os efeitos da alta da Selic sobre financiamentos adquiridos por meio do Pronampe. “Você faz um cálculo, uma média, porque a gente sabe que a Selic oscila, mas não para tanto que nem agora. Isso atrapalha bastante o faturamento, o fluxo de caixa”, disse o sócio Jorge Uchinokura.
O Sebrae orienta os empresários a buscarem alternativas para evitar repasses diretos ao consumidor, como renegociação de dívidas e investimentos em diferenciação de produtos. Além disso, destaca o programa Acredita, do governo federal, que oferece condições especiais de financiamento para micro e pequenas empresas.
De acordo com o Banco do Brasil, a taxa básica de juros, a Selic, é utilizada como um instrumento de controle da inflação. O aumento dos juros encarece o crédito, reduz o consumo e desestimula investimentos, o que contribui para a desaceleração da inflação.
Segundo a explicação, quando a Selic sobe, o custo dos empréstimos aumenta, fazendo com que consumidores e empresas adiem compras e investimentos.
Com a queda na demanda, as empresas passam a vender menos e, para manter a competitividade, tendem a evitar novos aumentos de preços. Esse processo visa conter a alta inflacionária.
A decisão de subir ou cortar os juros se baseia em indicadores como o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, que compila projeções do mercado financeiro sobre inflação, crescimento do PIB e outras variáveis econômicas.
O Boletim Focus aponta que a inflação deve encerrar 2025 em 5,6%, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5%. A projeção vem aumentando há 18 semanas consecutivas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou durante a Conferência do FMI na Arábia Saudita que uma inflação entre 4% e 5% está “relativamente dentro da normalidade” para o Plano Real. Ele destacou que a valorização do dólar influenciou os preços internos, mas que a política monetária adotada ajudou a conter esse impacto.
“O dólar voltou a um nível adequado e caiu 10% nos últimos 60 dias. Eu acho que isso vai fazer com que a inflação se estabilize”, afirmou Haddad.
O ministro também mencionou que a reforma tributária e o ajuste fiscal do governo contribuíram para um crescimento de 3,5% do PIB em 2024, mesmo com a manutenção dos juros elevados.