O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) têm evitado manifestar apoio público a qualquer candidato na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados, mas seguem acompanhando de perto as articulações para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL), prevista para fevereiro de 2025. Entre os nomes em disputa estão Hugo Mota (Republicanos-PB), apoiado por Lira, além de Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSB-BA), que formaram uma aliança após ficarem de fora do apoio do atual presidente da Casa.
Embora o Palácio do Planalto mantenha uma postura oficial de neutralidade, afirmando que não interferirá na escolha, os bastidores revelam que o PT está profundamente envolvido nas negociações. O líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), admitiu que o partido está discutindo um possível apoio a Hugo Mota, mas indicou que a decisão ainda não foi fechada. “Estamos discutindo se manteremos o blocão ou se formaremos um novo bloco na Casa. Nesse contexto, Hugo Mota representa uma convergência de forças políticas”, explicou Cunha.
A executiva da bancada petista já iniciou reuniões com os candidatos à presidência da Câmara. Mota foi o primeiro a se reunir com 15 deputados do PT em um jantar organizado pelo deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA). Durante o encontro, Mota prometeu respeitar a proporcionalidade na composição da Mesa Diretora, em caso de vitória, o que agrada o PT, segunda maior bancada da Casa, com 68 deputados, atrás apenas do PL, que tem 93.
Lula, em diversas ocasiões, reforçou que não pretende se envolver diretamente na escolha do sucessor de Lira. “Minha prática política é não me meter na escolha do presidente da Câmara, isso é algo do Congresso Nacional. Quem quer que seja eleito, será meu presidente”, afirmou em entrevista durante um evento na Bahia. Lula destacou a importância de manter uma relação institucional e civilizada com o futuro líder da Câmara, independentemente de quem for eleito, ressaltando que é o presidente da República que precisa do apoio do Congresso para governar.
Enquanto isso, Elmar Nascimento, anteriormente visto como distante do Planalto, intensificou suas articulações com membros do governo, incluindo encontros com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
A eleição para a presidência da Câmara envolve complexas negociações por cargos na Mesa Diretora e compromissos políticos com o Planalto e outros grupos. O Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, negocia o apoio com pautas conservadoras. A definição dos cargos de vice-presidência e das quatro vice-secretarias só será conhecida horas antes da votação, com base no coeficiente de apoio que cada bloco conseguir reunir em torno de seu candidato.