O cardeal dom Odilo Scherer apresentou sua renúncia ao comando da Arquidiocese de São Paulo, mas o papa Francisco solicitou a ele que permaneça no cargo por mais dois anos. O anúncio foi realizado nesta terça-feira, 8, através de uma carta de dom Odilo, na qual ele formaliza seu pedido de renúncia feito no dia 21 de setembro, data de seu 75º aniversário.
Conforme a norma canônica, ao completarem 75 anos, os bispos devem apresentar sua renúncia ao papa, que decide sobre sua aceitação.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Francisco respondeu rapidamente, em menos de um mês, o que nos bastidores da Igreja Católica foi interpretado como um sinal de desprestígio. A sucessão de dom Odilo ainda não foi definida pelo Vaticano.
Na carta, dom Odilo afirma que o papa lhe pediu para continuar no cargo até 2026. Ele lidera a arquidiocese desde 2007.
“Sigamos em frente, preparando-nos mediante a oração para viver intensamente o Ano Jubilar de 2025, como ‘peregrinos da esperança'”, declarou ele, desejando que “Deus abençoe a todos e os conserve em seu amor.”
Trajetória de dom Odilo Scherer, cardeal da Arquidiocese de São Paulo
Nascido em Cerro Largo, Rio Grande do Sul, dom Odilo estudou no Paraná e foi ordenado presbítero em 1976. Em 2002, tornou-se bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, nomeado pelo papa João Paulo II.
Ele comentou que o pedido de renúncia é padrão e que “o papa decide se aceita logo ou mais adiante”. Dom Odilo revelou à TV Globo que ainda não tem planos definidos para o futuro, mas pretende continuar em São Paulo, “para estar à disposição da igreja de São Paulo”.
O processo de renúncia de um cardeal que lidera uma arquidiocese na Igreja Católica é regido pelo Código de Direito Canônico. De acordo com o cânon 401, §1, os bispos diocesanos (inclusive cardeais que exercem funções de arcebispo) devem apresentar sua renúncia ao papa ao completarem 75 anos de idade.
O papa pode aceitar ou não essa renúncia, e o processo envolve a comunicação formal com a Santa Sé, que avalia o contexto e as circunstâncias, como questões de saúde ou incapacidade de exercer a função. A decisão final sobre a aceitação ou não da renúncia cabe exclusivamente ao papa.