Em editorial publicado nesta terça-feira, 8, o jornal O Estado de S. Paulo criticou o fato de o governo Lula “fechar olhos e ouvidos para os sinais de sobreaquecimento da economia brasileira”. No título do texto, avalia os juros como “uma grande incógnita“.
“O aperto monetário promovido pelo Banco Central (BC), que tanto desagrada ao governo Lula da Silva, tem sido recebido com certa naturalidade pelo mercado como um instrumento de contenção da inflação diante de uma política fiscal mais frouxa do que o necessário”, escreve o Estadão.
Até agosto, fatores de mercado indicavam estabilidade da taxa Selic em 10,50% ao ano. Esse porcentual, segundo as expectativas, deveria permanecer o mesmo até março do ano que vem.
No entanto, em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a Selic para 10,75%, e as projeções do mercado mudaram. Diante do novo aumento, os bancos subiram a régua das expectativas: 11,75% no fim do ano e 12% aos primeiros meses de 2025.
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Há, ainda, uma ala do mercado com a argumentação de que, com a combinação entre uma política expansionista do governo e a economia sobreaquecida, os juros podem chegar a 13%. A medida seria necessária para garantir a meta prevista da inflação, de 3%.
Na entrevista, Mello afirmou que a projeção para 2024, de impulso fiscal neutro, “talvez não se confirme”. Isso pode ocorrer por causa da ajuda de R$ 25 bilhões ao Rio Grande do Sul. Além disso, tal frustração, segundo ele, teria atribuição de “fatores exógenos”, como o câmbio e o “efeito climático” sobre os preços de alimentos e energia.
“É o tipo de visão que demonstra que o governo não está apenas surdo, mas também cego ao fato de a economia brasileira estar girando, de forma insustentável, acima de seu potencial”, conclui o Estadão.