Nas eleições municipais de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) sofreu um revés expressivo, encerrando o primeiro turno sem conquistar nenhuma capital brasileira. Com um desempenho abaixo do esperado, o PT só tem chances de vitória no segundo turno em quatro capitais, onde não lidera nenhuma das disputas, sinalizando uma fase de enfraquecimento histórica da legenda, que no passado dominou importantes regiões urbanas.

Entre as cidades que seguirão para o segundo turno, o PT concorre apenas em Natal, Cuiabá, Fortaleza e Porto Alegre, todas com posições de desvantagem frente aos candidatos de direita e outros de centro.

Na capital potiguar, a deputada Natália Bonavides (PT) obteve 28% dos votos, perdendo para o candidato Paulinho Freire (União), que alcançou 44%.

Em Cuiabá, Lúdio Cabral (PT) enfrenta Abílio (PL), que lidera com quase 40% dos votos contra 28% do petista.

Em Fortaleza, André Fernandes (PL) lidera com 40% dos votos, enquanto o candidato do PT, Evandro Leitão, segue com 34%.

Em Porto Alegre, o atual prefeito Sebastião Melo (MDB) chegou a 49,7% dos votos, pouco abaixo do necessário para vencer no primeiro turno, e agora disputará o cargo com Maria do Rosário (PT), que atingiu apenas 26%.

Nas demais capitais, a vitória já se consolidou para candidatos aliados a partidos de direita e centro, muitos com apoio de Jair Bolsonaro.

Em Belo Horizonte, Bruno Engler (PL), com apoio de Bolsonaro, segue para o segundo turno contra Fuad Noman (PSD), que receberá apoio do PT.

Em Maceió, João Henrique Caldas (JHC), apoiado por Bolsonaro, foi reeleito no primeiro turno.

Este padrão também se repete em outras cidades como Macapá, Salvador, São Luís, Recife, Teresina, Rio de Janeiro e Aracaju, onde candidatos de legendas de direita e centro saíram vitoriosos.

Abaixo estão listados os prefeitos já eleitos em algumas capitais:

Macapá (AP): Dr. Furlan (MDB)

Salvador (BA): Bruno Reis (União)

São Luís (MA): Eduardo Braide (PSD)

Recife (PE): João Campos (PSB)

Teresina (PI): Silvio Mendes (União)

Rio de Janeiro (RJ): Eduardo Paes (PSD)

Aracaju (SE): Emília Corrêa (PL)

Outras capitais que ainda terão segundo turno e as disputas entre os candidatos:

Manaus (AM): David Almeida (Avante) vs. Capitão Alberto Neto (PL)

Vitória (ES): Lorenzo Pazolini (Republicanos) vs. Delegado Eder Mauro (PL)

Goiânia (GO): Fred Rodrigues (PL) vs. Mabel (União)

Campo Grande (MS): Adriane Lopes (PP) vs. Rose Modesto (União)

Porto Velho (RO): Mariana Carvalho (União) vs. Leo (Podemos)

Em São Paulo, a disputa pelo segundo turno se dará entre Guilherme Boulos (PSOL), com apoio do PT, e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro e pelo governador Tarcísio de Freitas. No primeiro turno, Nunes obteve 29,5% dos votos, enquanto Boulos alcançou 29%.

PL consolida crescimento recorde e supera PT nas prefeituras

O Partido Liberal (PL), sob a liderança de Valdemar Costa Neto e com forte influência de Jair Bolsonaro, alcançou 510 prefeituras no primeiro turno, mais que o dobro do número conquistado pelo PT de Lula. O partido obteve 15,7 milhões de votos, ocupando a primeira posição em número de votos para prefeitos no Brasil.

Em comparação com as eleições de 2020, o PL ampliou sua presença em diversos estados, destacando-se em São Paulo, onde elegeu 101 prefeitos, Santa Catarina (89), Paraná (52) e Minas Gerais (50). Em estados como Rio de Janeiro e Maranhão, o partido liderou com folga.

Esse crescimento expressivo coincide com o aumento no número de candidatos do partido, que subiu de 970 em 2020 para 1.483 em 2024, acompanhando o aumento de 236,2% nos votos. Em segundo lugar no número de votos ficou o Partido Social Democrático (PSD), que conquistou 14,5 milhões de votos e registrou um crescimento de 36,7% em relação a 2020. Já o MDB aparece em terceiro, com 14,4 milhões de votos e crescimento de 32,5%.

Ascensão do PL e MDB no Norte do Brasil

No Norte do país, o PL de Bolsonaro e o MDB de centro dominam a disputa em seis das sete capitais, seja com vitórias já definidas ou vagas garantidas no segundo turno. Em Macapá, o candidato do MDB, Dr. Furlan, foi reeleito com 85,08% dos votos, enquanto em Boa Vista, Arthur Henrique (MDB) obteve 75,15%. Em Rio Branco, capital do Acre, o candidato do PL Tião Bocalom derrotou o candidato do MDB Marcus Alexandre, conquistando 54,82% dos votos. Já em Belém, Igor Normando (MDB) tenta a reeleição e enfrentará o Delegado Eder Mauro (PL) no segundo turno.

Direita cresce no Nordeste e PT sofre perdas no interior e no litoral de São Paulo

No interior e litoral de São Paulo, o PT também sofreu duras derrotas, como em Araraquara e São Carlos, onde o partido tradicionalmente tinha forte base política. Mesmo em cidades importantes como Campinas e Ribeirão Preto, o partido ficou aquém das expectativas, perdendo espaço para legendas de direita ligadas ao Bolsonaro.

No Nordeste, região historicamente associada à esquerda, Jair Bolsonaro e o seu partido (PL) obtiveram conquistas significativas. O partido manteve Maceió, com a reeleição de JHC, e chegou ao segundo turno em João Pessoa, Aracaju e Fortaleza. No Recife, o único triunfo expressivo para o campo de Lula foi a reeleição de João Campos que é de outro partido (PSB), que superou o candidato do PL Gilson Machado com uma ampla margem de 78,11% dos votos.

As eleições de 2024, portanto, evidenciam uma fase de expansão do PL e de partidos de centro, enquanto o PT enfrentou derrotas e desafios crescentes para manter sua base em cidades que outrora lhe eram favoráveis. O desempenho do partido de Bolsonaro nas capitais e grandes cidades indica um avanço relevante no cenário político nacional, possivelmente refletindo as preferências do eleitorado rumo a um espectro político mais conservador.

Filhos de Bolsonaro dominam votações nas Câmaras Municipais

Além das vitórias do PL e dos aliados de Bolsonaro em prefeituras por todo o país, as eleições de 2024 também destacaram os filhos do ex-presidente como os mais votados em suas respectivas cidades. Eduardo Bolsonaro (PL), vereador por São Paulo, e Carlos Bolsonaro (PL), reeleito vereador no Rio de Janeiro, obtiveram votações expressivas, consolidando a influência da família Bolsonaro nos dois maiores colégios eleitorais do país.

Eduardo Bolsonaro recebeu o maior número de votos para vereador em São Paulo, com uma votação histórica que reforça seu poder de mobilização entre eleitores de direita na capital paulista. Já no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, conhecido por seu papel na comunicação digital durante o governo do pai, foi o vereador mais votado, assegurando mais uma vez uma cadeira na Câmara Municipal carioca.

Esses resultados mostram que a base de Bolsonaro continua fiel e engajada, garantindo apoio consistente nas urnas aos membros da família, além de fortalecer a presença do PL no legislativo municipal em cidades estratégicas.