Militares da Marinha do Brasil tem estado atentos à mencionada falta de verba para a força naval. Em seguidas entrevistas o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Olsen, tem mencionado que setores da força podem sofrer restrições e muitos acreditam que a situação acabe afetando o atendimento médico hospitalar.
Nessa segunda semana de setembro de 2024 tem circulado imagens em grupos de militares das Forças Armadas em redes sociais diversas fotografias de cartazes afixados em instiuições militares anunciando limitações em atendimento e realização de exames em unidades de saúde da força. Alguns militares chegam a mencionar que têm se dirigido a instituições do SUS para atendimento médico.
Uma manifestação por escrito, formal e identificada, dirigida ao Comandante da Marinha e ao Diretor de saúde da força tem chamado a atenção. Esse tipo de documento é raro, mas tem se tornado cada vez mais comum na medida em que militares se sentem prejudicados por questões relacionadas à saúde. O texto acaba colocando o próprio Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen no lugar de um prestador de serviço para a tropa, aquele que – além de cobrar posturas militares e obrigações da tropa na ativa – tem também o dever de fazer com que a força preste um serviço de excelência nas questões que se propõe a assumir, como é o caso da saúde militar para militares da reserva e seus beneficiários, pensionistas e militares da ativa e suas famílias.
No documento são mencionados vários problemas grave que afligem os militares da instituição militar naval, há solicitação de explicações e exigência de prazos para retorno do atendimento médico e exames. O documento deixa claro que há procedimentos essenciais à sobrevivência de vários membros da família militar e que estes correm até risco de morte com o cancelamento.
“São exames essenciais à manutenção e sobrevivência de alguns pacientes que particularmente me incluem entre milhares de militares de nossa instituição, independentemente de posto ou graduação. Temos pacientes militares hematológicos, oncológicos e outras enfermidades graves que destacam com caráter URGENTÍSSIMO ” (Wagner Coelho – suboficial).
(…) Suboficial Fuzileiro Naval (RM1) do Quadro de Infantaria 86.0429.12 WAGNER PIRES COELHO… qualidade de usuário do Sistema de Saúde da Marinha com todos os meus recolhimentos do FUSMA TITULAR e DEPENDENTES pagos em dia, e amparado pelos fundamentos constitucionais no inciso III do art. 1º; inciso IV do art. 3º; letra a, do inciso XXXVI, do art. 5º e artigo 6º tudo previsto na Constituição Federal de 1988, venho por meio da presente e-mail, solicitamos respeitosamente os seguintes esclarecimentos:
Na data de 12 de setembro de 2024, tomei conhecimento de circulares informativas nos AMBULATÓRIOS da Marinha do Brasil de que diversos exames laboratoriais estariam suspensos temporariamente, inclusive em nosso tão renomado HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS, sem nenhuma informação sobre qual o motivo da interrupção. No dia 17 me desloquei ao Hospital Naval Marcílio Dias para exames laboratoriais e realmente constatei que há uma interrupção dos exames específicos e que de acordo com alguns casos, dependendo da gravidade, são feitos e mesmo assim não são todos.
ão exames essenciais à manutenção e sobrevivência de alguns pacientes que particularmente me incluem entre milhares de militares de nossa instituição, independentemente de posto ou graduação. Temos pacientes militares hematológicos, oncológicos e outras enfermidades graves que destacam com caráter URGENTÍSSIMO de exames que possuem um alto custo nas redes privadas, o que por deveres inviabiliza a continuidade no tratamento e consultas agendadas e que de forma alguma NÃO podem e nem se justifica tal interrupção baseando-se na realidade salarial das Forças Armadas.
A atual interrupção e/ou suspensão de exames laboratoriais, relatada neste documento, preocupa não só a mim, mas penso a família militar da nossa Marinha do Brasil, que com sua falta, pode agravar a saúde de centenas de pessoas vinculadas à Força, principalmente , por se tratar de exames importantes para a manutenção da saúde e continuidade de tratamentos de militares, como pacientes oncológicos e hematológicos, que se referem a exames urgentes.
Outro fato que causa um certo estarrecimento é o caso de que a instituição Hospital Naval Marcílio Dias não oferece mais consultas na clínica de ORTOPEDIA que, segundo atendentes, devem ser feitas nas Policlínicas, porém as agendas estão sem dados e previsão só para meses após, e o pior é que NÃO aceitaram pedidos de exames de imagens de CLÍNICAS DE ORTOPEDIA da rede privada para agendar o procedimento.
As contribuições são recolhidas rigorosamente … informar a razão da suspensão … se a situação será resolvida… (Wagner Coelho)
Relembro a Vossa Exª, com o devido respeito, que as contribuições ao FUSMA são recolhidas rigorosamente, mês a mês, desde o nosso ingresso na Força Naval, portanto a suspensão ou interrupção desses exames e outros procedimentos não faz sentido para quem mais precisa da saúde Ao decorrer da idade que se avança, evolui um entendimento claro e com transparência sobre o caso e com pedido de quem precisa de atendimento, alimentado por coleções de pessoas na mesma situação, que solicita que seja informado a razão da suspensão ou interrupção dos exames , bem como informar se a situação atual será resolvida e seus dados, solicitam essa que requer máxima urgência, uma vez que estamos lidando com vidas humanas. (…)
Há 11 meses o Ministério Público Militar realizou pesquisa entre militares das Forças Armadas para coletar dados sobre o atendimento médico. Os militares da Marinha do Brasil foram o que mais participaram das pesquisas de opinião, dado que pr si só já mostra que esses militares estão de alguma forma incomodados com a situação.
“O número de participações dos militares da Marinha do Brasil corresponde a 81,1% do total, com 1282 questionários entregues. Em segundo lugar vieram os militares do Exército Brasileiro, com 175 questionários entregues, 11,2% das participações e por último os militares da Força Aérea, que entregaram 122 questionários, perfazendo 7,7 % do total dos participantes.“, diz texto publicado na Revista Sociedade Militar em 29 de março de 2024.
Outro dado revelado pelo Ministério Público indica que 37.8% dos militares da Marinha classifiam o atendimento nos hospitais da instituição como ruim ou muito ruim. 29.1% classificaram como regular e apenas 32.6 classificaram como bom ou muito bom.