Os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) pulicaram nesta sexta-feira, 20, uma carta aberta onde expressaram suas “profundas preocupações e insatisfação” com a presidência de Márcio Pochmann.
O economista, filiado ao PT, ex-presidente da fundação Perseu Abramo e ex-candidato a prefeitura de Campinas, foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto de 2023 para presidir o IBGE.
Segundo o documento, Pochmann tem adotado “medidas desestabilizadoras, centralizadoras e prejudiciais ao bom funcionamento do Instituto”.
“A nomeação do Márcio Pochmann trouxe uma série de decisões arbitrárias e autocráticas, como a criação da fundação IBGE+, uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores“, aparece na carta.
O documento lembra como a fundação foi criada “em sigilo por 11 meses e anunciada dois meses após sua oficialização em cartório” e “gera dúvidas quanto à sua real finalidade e ao impacto que terá sobre a independência técnica e administrativa do Instituto“.
“A falta de clareza e participação em um tema tão crítico levanta sérios questionamentos sobre os critérios que nortearam a criação dessa entidade e os riscos de desvirtuamento da missão pública do IBGE em benefício de interesses privados“, escreveram os servidores.
Outro ponto que os funcionários do Instituto consideram como de “extrema preocupação” é a “reformulação do estatuto do IBGE, que está sendo conduzida de maneira pouco transparente e sem o necessário debate com os servidores e a sociedade” e que pode “comprometer gravemente a governança da instituição e a qualidade dos dados produzidos”.
Segundo os funcionários até o momento “a presidência tem se mantido inflexível, recusando-se a fornecer informações ou promover discussões abertas com os trabalhadores. Essa postura coloca em risco a autonomia do IBGE e sua credibilidade como fonte confiável de dados estatísticos“.
O documento denuncia também o comportamento de Pochmann, “que tem realizado viagens frequentes e excessivas em um cenário de escassez financeira no órgão”.
“O IBGE não dispõe de crédito para algumas despesas como o pagamento de aluguéis, está em débito com diversos fornecedores e restringe viagens técnicas essenciais para a condução de pesquisas. A prioridade dada a essas viagens, em detrimento da manutenção das atividades básicas do Instituto, reforça a desconexão entre a gestão e as reais necessidades do IBGE e do país”, aparece na carta.
Os servidores denunciaram que “diante dessa gestão centralizadora e autoritária, que tem tomado decisões sem diálogo, ignorando as demandas dos servidores e comprometendo a autonomia e a missão do IBGE, declaramos que não podemos mais tolerar essa situação”.
O documento destaca que “a continuidade desse mandato está comprometendo gravemente o funcionamento da instituição, e o impacto negativo dessas decisões já é sentido diariamente pelos trabalhadores e pela qualidade do trabalho realizado”.
“Assim, os servidores do IBGE manifestam publicamente seu desejo pelo fim do mandato do atual presidente, Márcio Pochmann e informam que já não o consideram como Presidente desta renomada instituição. Clamamos pela urgente necessidade de uma gestão mais transparente, participativa e comprometida com a preservação da missão pública e da independência do Instituto”, conclui o a carta.