Uma reportagem publicada nesta quinta-feira, 19, mostra que o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol), mantém 662 assessores em seu gabinete na capital do Pará.
Do mesmo partido de Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano, Rodrigues é o único prefeito da sigla esquerdista com mandato em uma capital brasileira.
Dos 662 assessores do psolista em Belém, 92% deles, ou seja, 610 funcionários, são indicações políticas, pois não prestaram concurso público, informa o portal.
Prefeito aumentou gastos em mais de 470%
Opositores afirmam que Rodrigues, que é candidato à reeleição, promoveu um aumento substancial nos gastos públicos decorrentes de inchaço na máquina pública.
Números comparativos mostram que o atual prefeito fez a administração municipal elevar em mais de 470% o valor com pagamento de verbas a assessores nomeados por indicação política.
Entre janeiro e abril de 2020, último ano da sua gestão, o então prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB) foi responsável por gastos da ordem de R$ 1,8 milhão.
Psol concentra 25% dos cargos, diz pesquisador
No mesmo período, só que em 2024, Edmilson Rodrigues fez a prefeitura desembolsar R$ 8,5 milhões, conforme os últimos dados disponíveis.
De acordo com o doutor em ciências políticas Sérgio Praça, aproximadamente 25% dos funcionários comissionados no gabinete do prefeito são filiados ao Psol. Outras 24 pessoas foram indicadas pelo vice-prefeito Edilson Moura, que é do PT.
Uso eleitoral e partidário, afirma professor
Em entrevista, o pesquisador, que também é professor adjunto da Fundação Getúlio Vargas, afirmou que esses dados sugerem o uso dos cargos para fins eleitorais e partidários. “Nunca vi algo nessa proporção. O fato é que a esquerda é tão clientelista quanto partidos do centrão”.
O docente acrescentou que é um erro pensar que esse tipo de conduta, possivelmente irregular e ilegal, é restrita a parlamentares do chamado “baixo clero”.
A postura do prefeito de Belém contrasta com o discurso da bancada do Psol no Congresso, onde representantes se dizem contrários ao inchaço da máquina pública.
Denúncias acompanham prefeito
Rodrigues abriu espaço em seu governo para militantes de duas correntes do Psol: a Primavera Socialista, da qual ele faz parte, e a Revolução Socialista, de Guilherme Boulos.
As secretarias municipais sob o comando de Rodrigues têm na liderança políticos do Psol, PT, PSTU, PCdoB, PV e PDT, todos de esquerda. A equipe tem baixa popularidade junto aos eleitores em razão, principalmente, de denúncias de superfaturamento, greves e gastos públicos.
Líder de rejeição
A última pesquisa eleitoral em Belém divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas, em 2 de setembro, mostrava Edmilson Rodrigues em terceiro lugar na busca pela reeleição, com 12,7% dos votos. Ele liderava a rejeição, com 53% dos entrevistados afirmando que não votariam nele de jeito nenhum.