Apesar da decisão de bloqueio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deputados e senadores brasileiros seguem utilizando o Twitter/X. A plataforma está bloqueada no Brasil desde as 0h do sábado 31, sendo necessário o uso de VPN para ter acesso à rede social.

Em todo o mundo, o Twitter/X é usado para comunicação rápida em larga escala. Um exemplo é o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que anunciou sua desistência da corrida presidencial pela plataforma. Embaixadas, governos e Forças Armadas de muitos países também utilizam a rede social.

O jornal Folha de S.Paulo compilou algumas publicações. Na noite de terça-feira, 3, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente do governo de Jair Bolsonaro, criticou uma possível homenagem ao MST durante o desfile de 7 de Setembro em Brasília.

Ele afirmou: “Não se pode manchar e ultrajar a nossa história misturando a formação corajosa de nossa nacionalidade com a covardia de movimentos sociais que se caracterizam por praticar irregularidades e ações criminosas”. Mourão ainda disse que “Lula constrangerá o Brasil e isso lhe custará caro”.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) utilizou a plataforma para convocar a população aos atos de 7 de Setembro.

“Se estou fazendo este post, assumindo todos os riscos, é porque acredito que vale a pena lutar pela nossa liberdade e a de nossos filhos”, afirmou.

A parlamentar Carla Zambelli (PL-SP) também se manifestou, anunciando sua presença no ato na Avenida Paulista, em São Paulo.

O pastor Silas Malafaia publicou um vídeo intitulado “Não seja enganado”, em que acusa Moraes de desviar o foco de “gravíssimas denúncias” contra ele. Malafaia prometeu “o mais duro discurso” contra Moraes no 7 de Setembro em São Paulo.

Em 31 de agosto, o deputado federal Marcel van Hattem desafiou o ministro Alexandre de Moraes e pediu a cassação do magistrado. A declaração ocorreu em uma postagem no Twitter/X. O parlamentar admitiu o uso de VPN.

“Os brasileiros vão às ruas”, escreveu Van Hattem. “No dia 7 de setembro faremos nossas vozes serem ouvidas muito claramente. Exigiremos que Moraes seja cassado pelo Senado e enviado para a cadeia após um julgamento justo — o que Moraes cruel e inconstitucionalmente não dá às pessoas que ele persegue.”

Marcel van Hattem destacou que as principais operadoras de internet bloquearam o acesso ao Twitter/X.

“Estou tuitando isso com VPN”, informou Van Hattem. “Este tuíte pode me custar quase US$ 10 mil segundo a decisão do tirano Alexandre de Moraes, amigo de Lula. Todo brasileiro que postar no Twitter/X, a partir de agora, será multado em R$ 50 mil, segundo sua ‘decisão’ ilegal.”

Twitter/X desbloqueia perfis

Influenciadores também se manifestaram. Monark, que teve suas contas retidas em 2023, comemorou a reativação de seu perfil com mensagens como “VPN is the WAY” e “Todo mundo é o Monark agora”.

Elon Musk desbloqueou contas que foram suspensas por ordens de Alexandre de Moraes, como as do jornalista Allan dos Santos, de Rodrigo Constantino, jornalista e colunista de Oeste, e da juíza Ludmila Lins Grilo. Perfis de apoio a Bolsonaro também voltaram a postar.

Elon Musk expõe decisões de Moraes

O empresário Elon Musk criou, no sábado 31, uma conta no Twitter/X para divulgar as ordens sigilosas expedidas à plataforma pelo ministro Alexandre de Moraes. A medida foi tomada depois de o magistrado suspender a rede social no Brasil. 

Em um tuíte, o perfil Alexandre Files informa que a intenção é “lançar luz sobre os abusos cometidos por Alexandre de Moraes em face da lei brasileira”.

“Estamos compartilhando essas ordens porque não há transparência por parte do tribunal, e as pessoas que estão sendo censuradas não dispõem de meios para contestar essas decisões”, diz o texto. “Nossos próprios recursos foram ignorados.”

O perfil destaca que em razão de o Twitter/X não ter indicado um representante legal da plataforma no Brasil, o país “tem seu acesso ao X bloqueado”. E acrescentou: “Justiça secreta não é justiça. Hoje, dizemos que isso precisa mudar”. 

Até agora, duas levas de documentos já foram publicadas. Uma delas inclui a decisão que levou à suspensão do Twitter/X no Brasil, e outra mostra ordens de bloqueio de Alexandre de Moraes contra o deputado federal Nikolas Ferreira, o senador Alan Rick e o influenciador Monark.