Um laudo técnico recente revelou que Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, teria agredido primeiro e desferido um "tapa na nuca" do empresário Roberto Mantovani durante um tumulto no Aeroporto de Roma em 14 de julho de 2023. A análise foi conduzida pelo perito e professor Ricardo Molina de Figueiredo e representa uma reviravolta em um caso que se estende por mais de um ano.
O documento foi elaborado a partir de gravações revisadas na sede do STF, em uma sessão que contou com a presença do advogado Ralph Tórtima, dois juízes auxiliares de Moraes e outros cinco servidores públicos. Até então, a família Mantovani havia sido acusada de agredir Alexandre Barci, mas a perícia sugere uma nova interpretação dos fatos.
Segundo o laudo de Figueiredo, as imagens apresentadas anteriormente no relatório nº 004/23 forneciam "uma ideia falsa do que realmente ocorreu". Ele apontou que uma cena crucial, anterior às imagens divulgadas, foi suprimida. Essa cena, conforme o perito, mostra claramente o filho do ministro Alexandre de Moraes (STF), Alexandre Barci de Moraes, agredindo primeiro com um tapa na nuca o Roberto Mantovani. Em seguida, o vídeo mostra Mantovani levantando o braço em um movimento defensivo, que acabou atingindo os óculos de Alexandre Barci de Moraes.
O perito ainda destacou irregularidades no relatório da Polícia Federal (PF), apontando uma duplicação na numeração das imagens e um intervalo de tempo atípico entre duas cenas, o que sugere a supressão de frames que documentariam a agressão inicial de Barci. "Caso tivesse sido permitido aos peritos aqui signatários obter a cópia dos vídeos, ou apenas a captura dos frames de interesse, tal situação estaria aqui ilustrada inequivocamente com imagens de boa qualidade", afirmou Figueiredo.
Denúncia e Investigações
Em 16 de julho de 2023, dois dias após o incidente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra a família Mantovani por calúnia e injúria, em função das supostas agressões a Alexandre Barci. A denúncia veio pouco mais de um mês após a Polícia Federal indiciar os Mantovanis pelo mesmo motivo.
No entanto, quatro meses antes, o delegado da PF responsável pelo caso na época, Hiroshi de Araújo Sakaki, havia concluído que houve "injúria real" contra o filho de Moraes, mas optou por não indiciar a família devido a uma instrução normativa que impede o indiciamento em casos de crimes de menor potencial ofensivo, cujas penas não ultrapassem dois anos de prisão.
Com a substituição do delegado responsável pelo caso, os Mantovanis acabaram se tornando alvo de uma ação judicial. O desenrolar das investigações e a nova perícia trazem à tona elementos que podem influenciar significativamente o rumo do processo.