A audiência pública para discutir a instalação da maior termelétrica do país em Caçapava, no interior de São Paulo, foi novamente suspensa nesta quinta-feira (4), após protestos. A reunião estava sendo realizada em São José dos Campos (SP).
De acordo com as informações apuradas pela reportagem, audiência teve atraso no início, começando às 19h53. Menos de uma hora depois, às 20h30, após gritos e protestos, a reunião foi novamente suspensa.
Layout previsto para termelétrica em Caçapava — Foto: Reprodução
Na última terça-feira (2), uma primeira audiência seria realizada em Caçapava, onde o projeto prevê a instalação da usina, mas foi cancelada após uma confusão. Pouco antes do início do evento, moradores e ambientalistas que são contra a instalação protestaram, o que deu início a uma confusão. A situação foi semelhante nesta quinta.
O g1 acionou o Ibama e a Natural Energia para saber se há previsão de nova realização de audiência pública, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.
A realização das audiências dessa semana foram autorizadas pela Justiça Federal. O projeto da empresa Natural Energia tem investimento de R$ 5 bilhões para a construção da Usina de Transição Energética São Paulo, uma usina reserva que tem como objetivo fornecer energia quando houver desequilíbrio entre a geração e a demanda no país.
De acordo com a empresa, o projeto está em fase de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), responsável pela concessão desse documento.
As audiências públicas são um dos passos para que esse licenciamento seja concedido pelo órgão do Governo Federal. Acionado pela reportagem, anteriormente o Ibama informou que concluiu a análise do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e que o relatório ainda está incompleto - isso seria discutido nos encontros dessa semana.
“(Faltam) informações importantes para entender completamente as atividades e impactos do projeto. Portanto, neste momento, não é possível concluir sobre a viabilidade ambiental da Usina Termelétrica (UTE) São Paulo, sendo necessário complementar o estudo”, disse o Ibama.
Layout previsto para termelétrica em Caçapava. — Foto: Divulgação/Natural Energia
Ao g1, a Natural Energia informou anteriormente que o processo de licenciamento ambiental segue seu trâmite normal e que" são normais os pedidos de complementações solicitados pela agência ambiental para análise do pedido de Licença Prévia".
Acrescentou ainda que "confia na análise imparcial dos estudos e acredita que seguirá comprovando a importância do empreendimento para a segurança energética do País".
Inicialmente, as audiências haviam sido suspensas pela Justiça Federal, após pedido do Ministério Público Federal. Isso por conta da ausência de apresentação por parte da empresa responsável pela usina de uma certidão atualizada de ocupação e uso do solo.
Mesmo após um novo pedido da promotoria, a Justiça Federal deu o aval para a realização das audiências públicas, para que os ‘problemas apontados sejam discutidos’.
Layout previsto para termelétrica em Caçapava. — Foto: Divulgação/Natural Energia
Termelétrica
As usinas termelétricas produzem energia por meio da queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral, biomassa ou gás natural. Esse último será o tipo de material usado em Caçapava - é um tipo de energia considerado como não-renovável.
O empreendimento prevê o planejamento, a implantação e a operação da usina na margem da SP-62, a Estrada Velha, no limite de Caçapava com Taubaté. A usina deve ficar em uma área de 25 hectares, o equivalente a 35 campos de futebol.
De acordo com a empresa responsável pela usina, a escolha do local foi estratégica, já que é uma área que facilita as necessidades estruturais da implantação da usina, como a planta de geração, adutoras, gasodutos e linha de transmissão.
A usina, denominada como UTE São Paulo, é prevista com capacidade para a geração de 1,74 MW, volume superior ao de qualquer unidade desse gênero em funcionamento na América Latina.
Em Caçapava, a empresa pretende captar a água para ser usada na usina em quatro pontos de captação do Córrego Caetano, do aquífero Taubaté. O lançamento dos resíduos, que devem ser tratados, deve ser feito no Ribeirão Caçapava Velha ou Boçoroca.
Já o gás natural, que será o principal combustível da usina, será trazido por um gasoduto que percorre a Estrada Velha e, inclusive, passa pelo terreno.
Ainda segundo a Natural Energia, a UTE São Paulo deve gerar cerca de dois mil empregos diretos durante o período de construção, que deve ser concluído em 42 meses.